Denise Bottmann's Blog, page 62
November 6, 2012
muito legal
"metalurgia da tradução", artigo de josélia aguiar sobre paulo bezerra, na gazeta russa, aqui.
paulo bezerra, aliás, foi agraciado este ano com a medalha púchkin.

paulo bezerra, aliás, foi agraciado este ano com a medalha púchkin.
Published on November 06, 2012 16:56
October 29, 2012
ai, que saudades eu tenho da rosane
há 26 dias, em 3 de outubro, escrevi à dinf, divisão de atendimento à distância da fundação biblioteca nacional, fazendo uma consulta singelíssima. reproduzo a novela com a troca de e-mails:
I.
II.
passam-se seis dias, e nada. no dia 9 de outubro, reenvio a solicitação, acrescentando:
III.
passam-se mais seis dias, e no dia 15 de outubro recebo a seguinte resposta:
IV.
no mesmo dia, respondo esclarecendo:
V.
depois de três dias, em 18 de outubro, recebo um e-mail com apenas duas letras:
bom, passaram-se mais onze dias e nada. estamos em 29 de outubro; preciso entregar o artigo até o dia 31. e agora? vou explicar no artigo que foi a dinf que não forneceu a confirmação tão singela que solicitei com quase 30 dias de antecedência...
ah, que saudades do gentilíssimo, rapidíssimo e eficientissimo atendimento da dinf, na pessoa de rosana maria nunes andrade - aliás, para uma consulta bem mais complexa!

I.
boa tarde:
estou escrevendo um artigo para a revista belas infiéis, da pós-graduação de estudos de tradução da unb, sobre as traduções de gustave flaubert publicadas no brasil.
vi que constam em nossos acervos na biblioteca nacional dois volumes que parecem ser as primeiras obras de flaubert traduzidas entre nós. mas as fichas catalográficas não mencionam o nome dos tradutores. eu gostaria de perguntar se, por acaso, os srs. poderiam dar uma conferida nos volumes impressos, para confirmar se são de fato traduções anônimas ou se há alguma referência a seus tradutores.
os volumes são os seguintes:
Autor:Flaubert, Gustave, 1821-1880.
Título / Barra de autoria:Salambô (romance).
Imprenta:Rio, Ed. guanabara, 1932.
Descrição física:249 p.
Notas:Registro Pré-MARC
Classificação Dewey:
Edição:843
Indicação do Catálogo:843/F587s7/1932
e
Autor:
Flaubert, Gustave, 1821-1880.
Título / Barra de autoria:
Madame Bovary.
Imprenta:
S. Paulo, Impressora paulista, [1934?].
Descrição física:
345 p.
Notas:
Registro Pré-MARC
Classificação Dewey:
Edição:
843
Indicação do Catálogo:
843/F587m7/1934
agradeço a atenção
denise bottmann
II.
passam-se seis dias, e nada. no dia 9 de outubro, reenvio a solicitação, acrescentando:
boa tarde: se não for demasiado incômodo, reitero meu pedido abaixo.
obrigada,
denise bottmann
III.
passam-se mais seis dias, e no dia 15 de outubro recebo a seguinte resposta:
Prezada Denise,
Abriremos uma pesquisa para você e o pesquisador que ficar responsável por ela em breve entrará em contato informando sobre forma de reprodução, orçamento, instruções para pagamento e preenchimento do termo de responsabilidade. Informamos ainda que as pesquisas são atendidas por ordem de chegada.
Atenciosamente,
Flávia Cezar
Chefe da Divisão de Informação Documental - DINF/FBN
IV.
no mesmo dia, respondo esclarecendo:
boa tarde, flávia:
obrigada, fico no aguardo. não preciso de reprodução, apenas de confirmação dos dados catalográficos.
denise bottmann
V.
depois de três dias, em 18 de outubro, recebo um e-mail com apenas duas letras:
OK.
bom, passaram-se mais onze dias e nada. estamos em 29 de outubro; preciso entregar o artigo até o dia 31. e agora? vou explicar no artigo que foi a dinf que não forneceu a confirmação tão singela que solicitei com quase 30 dias de antecedência...
ah, que saudades do gentilíssimo, rapidíssimo e eficientissimo atendimento da dinf, na pessoa de rosana maria nunes andrade - aliás, para uma consulta bem mais complexa!
Published on October 29, 2012 18:47
October 26, 2012
o jogador de dostoiévski, uma elucidação
graças a mais uma contribuição de alex quintas de souza, a quem agradeço, foram solucionados dois mistérios de uma tacada só.
no levantamento das traduções de dostoiévski no brasil, fiz um post específico sobre o/um jogador, aqui, e mencionei duas edições que me deram um baile:
e
alex informa que a editora é a gertum carneiro s/a, sem data nem crédito de tradução, e envia imagens preciosas:
vendo-se a ficha catalográfica no acervo da biblioteca nacional, onde consta ed. g. carneiro, deduz-se que é a gertum carneiro. o uso de colchetes na data indica o ano de de integração ao acervo, não de publicação (neste caso, o ano vem dado diretamente, sem colchetes).
ou seja, o mistério V e o mistério XIII se esclarecem: trata-se da mesma edição d'o jogador pela gertum carneiro, c. 1953 (aí o circa é meu, indicando uma data limite).
mas quem era a gertum carneiro? nada menos que a atual ediouro, depois de passar pelos nomes de tecnoprint e edições de ouro.
a história é a seguinte: dois irmãos, antônio e jorge gertum carneiro, gaúchos, mudaram-se para o rio de janeiro, onde abriram em 1939 uma importadora de livros chamada publicações panamericanas. devido à guerra e às dificuldades de importação, a partir de 1940 passaram também a publicar obras, tanto brasileiras quanto traduzidas, com o nome de editora panamericana, sobretudo na área de literatura. a panamericana teve vida curta, até 1946, mais ou menos.
a partir de 1942, os dois irmãos e mais um sócio (fritz israel mannheimer) criam também a gertum carneiro, voltada basicamente para publicações técnicas na área de engenharia, mecânica, medicina etc.
se voltarmos ao post o/um jogador, lá encontraremos:
ora, como a panamericana e a gertum carneiro eram dos mesmos donos, parece-me mais do que provável que a tradução d'o jogador pela gertum dos anos 50 seja a de otto schneider pela panamericana dos anos 40, cuja imagem de capa é mostrada acima.
com isso, além de resolvidos os dois mistérios, temos boas indicações também sobre a provável data de edição e a probabilíssima autoria da tradução d'o jogador na coleção "livros de bolso" da gertum.

no levantamento das traduções de dostoiévski no brasil, fiz um post específico sobre o/um jogador, aqui, e mencionei duas edições que me deram um baile:
V. esta é um mistério. mas está lá em nosso acervo na biblioteca nacional:
Autor:Dostoievskii, Fedor Mikhailovich, 1821-1881.
Título / Barra de autoria:O jogador.
Imprenta:Rio, Ed. G. Carneiro [1953].
Descrição física:132 p.
Notas:Registro Pré-MARC
e
XIII. esta aqui é outro mistério. consegui apenas a imagem de capa; não localizei editora, ano, tradutor, nada. parece revistinha de banca de jornal.
alex informa que a editora é a gertum carneiro s/a, sem data nem crédito de tradução, e envia imagens preciosas:
vendo-se a ficha catalográfica no acervo da biblioteca nacional, onde consta ed. g. carneiro, deduz-se que é a gertum carneiro. o uso de colchetes na data indica o ano de de integração ao acervo, não de publicação (neste caso, o ano vem dado diretamente, sem colchetes).
ou seja, o mistério V e o mistério XIII se esclarecem: trata-se da mesma edição d'o jogador pela gertum carneiro, c. 1953 (aí o circa é meu, indicando uma data limite).
mas quem era a gertum carneiro? nada menos que a atual ediouro, depois de passar pelos nomes de tecnoprint e edições de ouro.
a história é a seguinte: dois irmãos, antônio e jorge gertum carneiro, gaúchos, mudaram-se para o rio de janeiro, onde abriram em 1939 uma importadora de livros chamada publicações panamericanas. devido à guerra e às dificuldades de importação, a partir de 1940 passaram também a publicar obras, tanto brasileiras quanto traduzidas, com o nome de editora panamericana, sobretudo na área de literatura. a panamericana teve vida curta, até 1946, mais ou menos.
a partir de 1942, os dois irmãos e mais um sócio (fritz israel mannheimer) criam também a gertum carneiro, voltada basicamente para publicações técnicas na área de engenharia, mecânica, medicina etc.
se voltarmos ao post o/um jogador, lá encontraremos:
II. em 1943, otto schneider tem sua tradução publicada pela panamericana:
ora, como a panamericana e a gertum carneiro eram dos mesmos donos, parece-me mais do que provável que a tradução d'o jogador pela gertum dos anos 50 seja a de otto schneider pela panamericana dos anos 40, cuja imagem de capa é mostrada acima.
com isso, além de resolvidos os dois mistérios, temos boas indicações também sobre a provável data de edição e a probabilíssima autoria da tradução d'o jogador na coleção "livros de bolso" da gertum.
Published on October 26, 2012 17:53
October 25, 2012
zaratustra: da escala à lafonte
no final do ano passado, quando estava fazendo um levantamento das traduções de nietzsche no brasil, deparei-me com o zaratustra publicado pela editora escala, com tradução em nome de ciro mioranza, mas que não passava de uma transcrição levemente adulterada de uma tradução antiga. os links para esse caso estão agrupados aqui.
aí, everton marcos grison chamou minha atenção para uma outra edição de assim falava zaratustra, lançada agora em 2012. saiu na coleção "grandes clássicos da filosofia" da lafonte, selo do grupo editorial larousse do brasil (do qual também faz parte a editora escala educacional):

o atento everton notou uma bizarrice na edição e me enviou as imagens documentando o fato. trata-se do seguinte: a página de rosto traz os créditos de tradução em nome de ciro mioranza. até aí estamos no terreno do previsível - ainda que pairem dúvidas sobre a legitimidade dessa atribuição, como mostrei aqui e aqui, não chega a surpreender que o grupo larousse do brasil tenha reeditado pela lafonte a mesma suposta tradução de mioranza que saíra pela escala:
o que surpreende, e muito, é a discrepância que aparece na ficha catalográfica do mesmo livro, onde os créditos de tradução vêm atribuídos não mais a ciro mioranza, e sim a antonio carlos braga:
aí realmente fica complicado: afinal, que tradução é esta?

aí, everton marcos grison chamou minha atenção para uma outra edição de assim falava zaratustra, lançada agora em 2012. saiu na coleção "grandes clássicos da filosofia" da lafonte, selo do grupo editorial larousse do brasil (do qual também faz parte a editora escala educacional):

o atento everton notou uma bizarrice na edição e me enviou as imagens documentando o fato. trata-se do seguinte: a página de rosto traz os créditos de tradução em nome de ciro mioranza. até aí estamos no terreno do previsível - ainda que pairem dúvidas sobre a legitimidade dessa atribuição, como mostrei aqui e aqui, não chega a surpreender que o grupo larousse do brasil tenha reeditado pela lafonte a mesma suposta tradução de mioranza que saíra pela escala:
o que surpreende, e muito, é a discrepância que aparece na ficha catalográfica do mesmo livro, onde os créditos de tradução vêm atribuídos não mais a ciro mioranza, e sim a antonio carlos braga:
aí realmente fica complicado: afinal, que tradução é esta?
Published on October 25, 2012 16:26
October 20, 2012
ganhadores do jabuti de tradução 2012
1. Lugar
"Odisseia"
Tradutor: Trajano Vieira
Editora 34
2º Lugar
"Guerra e Paz"
Tradutor: Rubens Figueiredo
Cosac & Naify
3º Lugar
"Madame Bovary"
Tradutor: Mario Laranjeira
Companhia das Letras
parabéns a todos!
[obrigada a lucas cordeiro]
Published on October 20, 2012 12:04
October 18, 2012
programa de apoio à tradução
a Fundação Biblioteca Nacional alterou o nome de sua página no facebook, passando de Programa de Residência de Tradutores Estrangeiros no Brasil para Programa de Apoio à Tradução - FBN.
espero que isso sinalize uma disposição da fbn em fomentar e dar apoio também aos tradutores brasileiros.
transcrevo abaixo o email que acabei de enviar a eles, tradutoresbrasil@bn.br:

espero que isso sinalize uma disposição da fbn em fomentar e dar apoio também aos tradutores brasileiros.
transcrevo abaixo o email que acabei de enviar a eles, tradutoresbrasil@bn.br:
boa tarde: parabenizo a fbn por não reduzir mais seu programa de apoio à tradução apenas a tradutores estrangeiros interessados num período de residência no brasil.
a mudança do nome na página do facebook parece sinalizar a abertura desta fundação aos tradutores brasileiros também - que, afinal, são as pessoas que proveem os meios de acesso dos leitores brasileiros a obras estrangeiras vertidas para nossa língua.
espero que essa sinalização seja o prenúncio de programas concretos de apoio aos praticantes deste ofício no brasil.
atenciosamente,
denise bottmann
Published on October 18, 2012 13:34
October 17, 2012
o amante de lady chatterley, via gustavo barroso
algum tempo atrás, em 2008, levantei umas pistas que me parecem interessantes e mereceriam talvez uma pesquisa a rigor.
trata-se da misteriosa tradução de o amante de lady chatterley, atualmente no catálogo da record, com tradução em nome de "rodrigo richter".
em 1938, a minúscula e efemeríssima agência minerva editora, de linha integralista, estridentemente fascista e antissemita (cujo colaborador mais constante era gustavo barroso - até me pergunto se não seria ele o dono ou um dos associados dessa editora), publica uma tradução da lady chatterley, inexpurgada. tem reedições em 1941 e 1946. a tradução vinha anônima.
em 1956, a civilização brasileira volta a publicar essa tradução. em 1959, acrescenta na página de rosto créditos de tradução em nome de "rodrigo richter".
é incontável a quantidade de reedições dessa obra. quando a record adquiriu a civilização, ela passou a integrar seu catálogo, saindo pela bestbolso. aliás, essa tradução não escapou à sanha da martin claret, onde foi transcrita sob o nome de "jorge luís penha" e lá permanece viçosa até hoje.
reproduzo abaixo partes de dois posts que publiquei aqui e aqui, com algumas considerações:


como tema de uma pesquisa de mestrado, talvez pudesse resultar algo interessante. arrisco-me a dar um palpite: não terá sido o próprio gustavo barroso, tradutor de vários livros, a traduzir também essa obra? não será "rodrigo richter" o nome que a civilização inventou ou lhe foi sugerido em 1959, ano da morte de gustavo barroso, para batizar sua tradução lançada vinte anos antes pela extinta agência minerva?

trata-se da misteriosa tradução de o amante de lady chatterley, atualmente no catálogo da record, com tradução em nome de "rodrigo richter".
em 1938, a minúscula e efemeríssima agência minerva editora, de linha integralista, estridentemente fascista e antissemita (cujo colaborador mais constante era gustavo barroso - até me pergunto se não seria ele o dono ou um dos associados dessa editora), publica uma tradução da lady chatterley, inexpurgada. tem reedições em 1941 e 1946. a tradução vinha anônima.
em 1956, a civilização brasileira volta a publicar essa tradução. em 1959, acrescenta na página de rosto créditos de tradução em nome de "rodrigo richter".
é incontável a quantidade de reedições dessa obra. quando a record adquiriu a civilização, ela passou a integrar seu catálogo, saindo pela bestbolso. aliás, essa tradução não escapou à sanha da martin claret, onde foi transcrita sob o nome de "jorge luís penha" e lá permanece viçosa até hoje.
reproduzo abaixo partes de dois posts que publiquei aqui e aqui, com algumas considerações:
desde que foi publicado pela primeira vez na itália, em 1928, lady chatterley's lover (na versão final de lawrence, a chamada "terceira versão") foi proibido pela censura britânica, sendo publicado em outros países, mas na inglaterra circulando ou clandestinamente ou numa versão "expurgada" durante 30 anos. em 1959, num julgamento nos estados unidos, a suprema corte liberou a edição da obra integral no país, abrindo a brecha para novo julgamento na inglaterra, onde foi liberada em 1960.
a tradução que aparece na civilização brasileira em nome de rodrigo richter, em 1959, na verdade foi publicada inicialmente em 1938, pela agência minerva. a página de rosto dessa edição de 1938 já traz os dizeres "versão integral inexpurgada", e na página da imprenta consta "versão autorizada". não consta o nome do tradutor.
a agência minerva publica uma segunda edição em 1941 e uma terceira em 1946, ambas com o apêndice "em defesa de 'lady chatterley'".

em 1956 o título reaparece na civilização brasileira, onde segue sua carreira por algumas décadas. é apenas em 1959 que a civilização brasileira acrescenta os créditos de tradução em nome de "rodrigo richter", desde a edição cuja capa de eugênio hirsch ficou célebre pela renovação gráfica que introduziu na editora. "rodrigo richter" se mantém até hoje como autor da tradução no catálogo da record (bestbolso).

com esses achados, o caso parece se tornar ainda mais interessante. trata-se de uma tradução que vem desde 1938, tendo portanto completado 70 anos de existência. [hoje, 74 anos!]
quanto ao verdadeiro tradutor, que se manteve anônimo por vinte anos, não posso afirmar nada. "rodrigo richter" pode ser um pseudônimo, pode ser um nome emprestado, pode ser alguém de verdade. isso, decerto, a record há de saber melhor do que eu.
quanto à sua edição inicial em 1938, o curioso é que foi publicada pela agência minerva. em seu reduzidíssimo catálogo, constam na mesma época a publicação de um livro de l. bertrand, a maçonaria, seita judaica: suas origens, sagacidade e finalidades anticristãs (1938), em alardeada tradução do integralista e anti-semita gustavo barroso; o famosíssimo os protocolos dos sábios de sião (1936), traduzido, anotado, comentado e "apostilado" também por ele; e ainda o grande processo de berna sobre a autenticidade dos "protocolos" - provas documentais (1936), do mesmo gustavo barroso.
na mesma década de 1930, gustavo barroso publicou várias obras pela civilização brasileira, pela nacional e pela brasiliana (as colunas do templo; brasil, colônia de banqueiros; judaísmo, maçonaria e comunismo; a história secreta do brasil em 3 vols.; história militar do brasil). até os anos 1950 fazia parte do quadro de sócios da civilização brasileira, ainda subsidiária da companhia editora nacional.
isso parece sugerir vivamente que a conexão entre a agência minerva e a civilização brasileira, com a migração de o amante de lady chatterley, teria se dado por meio de gustavo barroso. [sobre as relações entre gustavo barroso e a nacional/civilização, com octalles e ênio silveira, há farta documentação disponível para pesquisas.]
a curiosidade que fica é como, em primeiro lugar, a agência minerva teria decidido publicar em seu microcatálogo um título decididamente polêmico, ao lado de peças de propaganda anti-semita traduzidas ou "apostiladas" pelo mais ruidoso e profícuo ideólogo integralista do país. (aqui talvez fosse o caso de se levarem em conta as posições protofascistas de lawrence, que certamente seriam prato cheio para alimentar a propaganda integralista no brasil...)
então junte-se tudo isso: um livro que, sob vários aspectos, é um marco da literatura mundial, passa 30 anos censurado, é editado no brasil em sua versão integral antes mesmo de cair a censura por uma editora virulentamente militante na ala mais extremada do fascismo brasileiro, reaparece numa editora progressista, depois é absorvida pela voragem comercial que tragou boa parte da diversidade de nossa indústria editorial e se mantém até hoje, com quase 75 anos de movimentada existência nas costas, incluindo até uma rude espoliação - a gente sente uma espécie de densidade nessa trajetória, que acho interessante e, quem sabe, importante de ser lembrada e resgatada. além disso, a própria vetustez da tradução em si poderia fornecer bons subsídios para o estudo de práticas tradutórias do passado, sem contar que um estudo desses entrelaçamentos editoriais ajudaria a compor em mais detalhes o cenário ideológico e cultural da primeira metade do século 20.
como tema de uma pesquisa de mestrado, talvez pudesse resultar algo interessante. arrisco-me a dar um palpite: não terá sido o próprio gustavo barroso, tradutor de vários livros, a traduzir também essa obra? não será "rodrigo richter" o nome que a civilização inventou ou lhe foi sugerido em 1959, ano da morte de gustavo barroso, para batizar sua tradução lançada vinte anos antes pela extinta agência minerva?
Published on October 17, 2012 18:10
October 14, 2012
contra fraudes de tradução
Open publication - Free publishing - More ayrton senna
a revista sorria deste mês, de n. 28, comenta o problema das fraudes de tradução.
está aqui, à p. 39. e se cola na prova é jeitinho, plágio de tradução é crime mesmo.
Published on October 14, 2012 11:26
October 12, 2012
leya: tradução anônima?
a editora leya volta e meia é protagonista de umas confusões em suas traduções (lembrem-se os clamorosos episódios referentes a a guerra dos tronos). elvira serapicos avisa agora que: "O poder da união, da Leya, saiu em agosto; em NENHUM lugar aparece o nome da pessoa responsável pela tradução".

dona leya, a única hipótese em que a sra. pode se dispensar de colocar o nome do tradutor nos créditos e na ficha catalográfica é quando o tradutor PROÍBE expressamente a menção a seu nome. em procedendo a informação acima, foi isso o que aconteceu em o poder da união?


dona leya, a única hipótese em que a sra. pode se dispensar de colocar o nome do tradutor nos créditos e na ficha catalográfica é quando o tradutor PROÍBE expressamente a menção a seu nome. em procedendo a informação acima, foi isso o que aconteceu em o poder da união?
Published on October 12, 2012 07:54
October 11, 2012
tradução/ adaptação
vale a pena distinguir entre:
o primeiro caso é o menos frequente (e, em minha modesta opinião, resulta nas adaptações mais saborosas). no segundo caso, muitas vezes a editora informa nos créditos qual a adaptação de origem. o último caso não requer nenhuma atividade de tradução e, em geral, a tradução adotada como base nem vem indicada nos créditos.

- a adaptação feita diretamente do original estrangeiro
- a tradução de uma adaptação estrangeira
- a adaptação de uma tradução previamente existente
o primeiro caso é o menos frequente (e, em minha modesta opinião, resulta nas adaptações mais saborosas). no segundo caso, muitas vezes a editora informa nos créditos qual a adaptação de origem. o último caso não requer nenhuma atividade de tradução e, em geral, a tradução adotada como base nem vem indicada nos créditos.
Published on October 11, 2012 17:00
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