Denise Bottmann's Blog, page 102

August 5, 2011

poe LXV, carências

além do incrível fato de as tales of the grotesque and arabesque serem inéditas no brasil, como seleta poeana, sinto falta de uma atenção mais detida aos conceitos de "grotesco" e "arabesco" de poe. já vi coisas absurdas, tipo serem tomados

como sinônimos ou, no caso do grotesco, ser identificado com

o barroco.





é sabido que poucas pistas ele deu a respeito. mas creio que não seria totalmente infecunda uma boa exploração de seu prefácio, com o levantamento dos usos (o "grotesco" eu não tomaria de barato como idêntico à grotesquerie dos crimes da rua morgue), uma análise focada da filosofia do mobiliário, uma pesquisa de possíveis fontes da época etc. quanto ao "arabesco" tenho um palpite de que é um conceito bastante sofisticado, que ele associa aos contos de horror, rejeitando o epíteto de gótico ou germânico.



imagem: arabesco

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Published on August 05, 2011 11:37

call 911

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em resposta ao meu pedido de socorro à fbn, aqui e aqui, recebo o e-mail:

Conferimos as informações postadas em seu blog sobre o catálogo da FBN, conforme contato que nos fez no Twitter. Estamos apurando os dados e voltaremos a entrar em contato para esclarecimentos.

Atenciosamente,

Jean Souza

Assessor de Imprensa

Fundação Biblioteca Nacional - Ministério da Cultura

(+55 21) 3095-3801 / 8156-8163 / 9684-6418 ::: www.bn.br :::: www.twitter.com/fbn
agradeço! mas esclarecimento nem precisa. basta corrigir.

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Published on August 05, 2011 10:16

história da tradução na globo, 1930-1950

considero em busca de um tempo perdido - edição de literatura trazida pela editora globo (1930-1950), estudo de sônia maria de amorim publicado em 1999 pela edusp e pela editora da universidade (ufrgs), uma obra historiográfica exemplar. meticulosa, minuciosa, alicerçada em fontes primárias, com trabalho exaustivo de pesquisa. já indiquei anteriormente e volto a indicá-la.



há uma fabulosa "listagem dos títulos de literatura traduzida pela livraria do globo(1930-1950)" às pp. 161-176 da obra. gostaria muito de poder contribuir com essa recuperação da memória tradutória brasileira, sugerindo mais alguns títulos para verificação e pesquisa.





erich maria remarque, nada de novo na frente ocidental, 1931

lendas do oriente, 1931

erich maria remarque, regressando da guerra, 1931

giovanni papini, gog, 1932

françois mauriac, o mistério de frontenac, 1933

lewis carroll, alice na casa do espelho, 1934

johanna spyri, heidi, 1934

g. k. chesterton, o homem eterno, 1934

g. k. chesterton, a volta de dom quixote, 1934

mary rinehart, o caso de jemie brice, 1936

johanna spyri, heidi nos alpes, 1936

c. manclair, adeus noturno, 1937

vicki baum, a aventura de doris hart, 1937

vicki baum, bom secretário, 1937

paul hain, canta uma canção de amor, 1937

alexandre dumas, o filho do forçado, 1937

varaldo, sapatinhos vermelhos, 1937

john russell (e outros), os evadidos (e outros contos), 1937

kingsley, os heróis, 1937

collins, o hotel assombrado, 1937

ch. de coster, três donzelas, 1938

h. c. mac neile, a melodia da morte, 1938

kruif, a luta contra a morte, 1938

s. normand, mariposas de papel, 1938

margaret atwood, o lago sagrado, 1939

otto w. gail, uma viagem à lua, 1940

loomis, confissões de um médico de mulheres, 1941

ian fleming, morte no japão, 1941

lin yutang, a importância de viver, 1941

philip carr, os ingleses são assim, 1941

johanna spyri, a fada de intra, 1942

margaret kennedy, a ninfa constante, 1942

shakespeare, adapt. charles e mary lamb, contos de shakespeare, 1943

johanna spyri, dora, 1943

alain gerber, rumor de elefante, 1943

contos do rei arthur, 1943

quentin, um enigma para doidos, 1943

loomis, novas confissões de um médico de mulheres, 1944

gamow, nascimento e morte do sol (?), 1944

henrik ibsen, seis dramas, 1944

graubard, o homem..., 1944

pasqualini, os sobrinhos de tio Sam, 1944

de kruif, os vencedores da fome, 1944

romain rolland, o adolescente, 1947

san martin, tabaré, 1947

millar, cherchez la femme, 1949

palmer, o enigma do museu negro, 1949

van druten, o olho de gato, 1949

craig rice, os assassinos sem sorte, 1949

blochman, mrs. macbeth, 1949

manning coles, com algemas não se prendem fantasmas, 1949

wren, não havia cadáver, 1950

vickers, a dama que ria, 1950

wren, o clube dos cachorros sujos, 1950

palmer, o enigma da bala cansada, 1950

gilbert, a história do ladrão, 1950

morley, a viúva consolável, 1950

crispin, ponto morto, 1950

household, tabu, 1950

ambler, um pássaro na árvore, 1950

quentin, um enigma para poppy, 1950

manners, o segundo caso de squeakie, 1950

kantor, um nome parecido com salmon, 1950

palmer, os vermes se contorcem, 1950



são volumes que se encontram na estante virtual - em minha opinião, um dos principais centros para localização de fontes primárias e materiais documentais para a história do livro no país.



imagem: old bookstore

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Published on August 05, 2011 08:56

o quê, quem, como, onde, quando, por quê e para quê

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john milton, da usp, tem um ótimo texto respondendo às grandes perguntas norteadoras para uma historiografia da tradução no brasil. o artigo vem como apresentação do número 2010/1 da tradução em revista, da puc-rj; chama-se "contribuições para uma historiografia da tradução", e está disponível aqui .



apenas para registro:

O sétimo ponto apresentado por D'hulst é Quando? Em quais épocas são feitas as traduções? Por exemplo, o número de traduções publicadas aumentou muito nas décadas de 1930 e 1940... Nessa época, muitos autores clássicos foram traduzidos pela primeira vez no Brasil. Podemos mencionar as primeiras traduções brasileiras de obras de Thomas Mann, James Joyce, André Gide, Virginia Woolf, Franz Kafka, Aldous Huxley, John Steinbeck, Luigi Pirandello e William Faulkner, lançadas pela Coleção Nobel da Editora Globo de Porto Alegre; e Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust, e Guerra e paz, de Leon Tolstoi, publicados pela Biblioteca dos Séculos, também da Editora Globo... E a Editora José Olympio, do Rio de Janeiro, lançou traduções brasileiras de Jane Austen, Mrs. Gaskell, John Galsworthy, Emily Brontë, Honoré Balzac e Leon Tolstoi...
não nego que os anos 1930 e 1940 foram fertilíssimos, mas periodização é uma coisa complicada. numa pesquisa rápida a gente tem: huxley, com contraponto, em 1928; andré gide em 1897, depois em 1927; pirandello, 1925; galsworthy, 1921; balzac sai no começo do século; kafka, em compensação, só vai sair em 1956.



imagem: found in translation

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Published on August 05, 2011 07:54

August 3, 2011

poe XLV, FBN, socorro II

no outro catálogo da BN,
poe, edgar allan 

poe, edgar allan, 1809-1848

poe, edgar allan, 1809-1849

poe, edgar allan, 1809-1949

poe, edgard allan, 1809-1849
me recuso a acreditar que seja tão difícil padronizar as entradas.

 

aliás, desde que mudaram o sistema de consulta, está absurdamente lento e vive caindo ou travando. além disso, no exemplo com link acima, uma entrada registra, por exemplo, 124 obras. você abre, são 62. outra registra 4 obras; você abre, são 2. os números estão todos duplicados. 

 

galeno amorim, socorro de novo.

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Published on August 03, 2011 06:08

August 2, 2011

poe XLIV, FBN, socorro

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fico doente com o relaxo no cadastramento dos autores em nossa fundação biblioteca nacional:






NOME DO AUTOR



ALLAN POE
Edgar Alan Poe
Edgar Allam Poe
Edgar Allan Poe
Edgard Allan Poe
EDGAR ALLAN POE
EDGAR ALLAN POE
EDGAR ALLAN PPOE
EDGAR ALLEN POE
EDGARD ALLAN POE




Aí a gente vai consultar o Edgar Allan Poe (o quarto da lista acima), e temos lá:







Nome do Autor:


RESULTADO DA BUSCA



204 Publicações encontradas, distribuídas em 5 páginas
ISBN TÍTULO
85-98292-45-1 DESVELAR A POLÍTICA NA PERIFERIA : HISTÓRIAS DE MOVIMENTOS SOCIAS EM SÃO PAULO
85-98292-44-3 SEAN O´FAOLAIN´S LETTERS TO BRAZIL
85-98292-42-7 A POESIA NA ESTÉTICA DE HEGEL
85-98292-41-9 A VIA CRUCIS DO OUTRO : IDENTIDADE E ALTERIDADE EM CLARICE LISPECTOR
85-98292-40-0 MEIO AMBIENTE E DEGRADAÇÃO CULTURAL
85-98292-39-7 SEGURANÇA PRIVADA : A EXPANSÂO DOS SERVIÇOS DE PROTEÇÃO VIGILÂNCIA EM SÃO PAULO
85-98292-38-9 A TEORIA CARTESIANA DA VERDADE
85-98292-37-0 A VIDA E A LUTA DE UMA SOBREVIVENTE DO HOLOCAUTO
85-98292-35-4 DIÁLOGOS NA FALA E NA ESCRITA
85-98292-32-X DE RATIONIBUS EXORDIENDI - OS PRINCÍPIOS DA HISTÓRIA EM ROMA
85-98292-30-3 ARTE E IMTUIÇÃO : A QUESTÃO ESTÉTICA EM BERGSON
85-98292-29-X TÓPICOS DE PSICOLINGÜÍSTICA APLICADA - 3ª EDIÇÃO
85-98292-28-1 A FILOSOFIA EXPERIMENTAL NA INGLATERRA DO SÉC. XVII : FRANCIS BACON E ROBERT BOYLE
85-98292-27-3 RETÓRICAS DE ONTEM E DE HOJE
85-88227-49-5 A VIAGEM
85-88227-46-0 TEMAS KANTIANOS
85-89697-03-7 DESAFIOS PARA O CONTROLE SOCIAL : SUBSÍDIOS PARA CAPACITAÇÃO DE CONSELHEIROS DE SAÚDE
85-89697-04-5 VIDA E OBRA DE OSWALDO CRUZ
85-7665-050-9 O ASSASSINO EM MIM
85-7665-052-5 " NA TOCA DOS LEÕES : A HISTÓRIA DA WL BRASIL, UMA DAS AGÊNCIAS MAIS PREMIADAS DO MUNDO ".
85-7665-061-4 APRENDA A FALAR EM PÚBLICO
85-7665-054-1 COMO RETER E FIDELIZAR CLIENTES
85-7665-053-3 APRENDA AS CHAVES DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
85-7665-072-X MAGIA SEXUAL : DO ORIENTE AO OCIDENTE, RECUPERANDO OS CAMINHOS DO PRAZER
85-7665-073-8 CURAR A CASA, SANAR A ALMA
85-7665-060-6 APRENDA A NEGOCIAR COM ÊXITO
85-7665-074-6 REENCARNAÇÃO - ESPERANÇA OU DESTINO?
85-7665-071-1 NAS TUAS MÃOS
85-7665-078-9 COMO ELABORAR UM BOM PLANO DE MARKENTING
85-7665-075-4 TÃO LONGE DO MUNDO
85-7665-080-0 CARTAS DO INFERNO
85-7665-081-9 ESTRANHA CONFISSÃO - UM DRAMA NA CAÇA
85-7665-079-7 CRÔNICAS I
85-7429-452-7 TEORIAS GLOBAIS E SUAS REVOLUÇÕES : IMPÉRIOS E ...
85-7429-442-X SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL 4 : 2003 IJUÍ
85-7429-426-8 EDUCAÇÃO, CIDADANIA E EMANCIPAÇÃO
85-7429-437-3 CAMINHOS PERCORRIDOS E TERRAS INCOGNITAS ...
85-7429-429-2 ESCÂNDALO DE CRISTO : ENSAIO SOBRE HEIDEGGER E SÃO PAULO...
85-7429-431-4 PRÁTICAS SISTEMATIZADAS : A NATAÇÃO NO CURSO DE GRADUAÇÃO
85-7429-427-6 O MASSACRE DO FUNDÃO : MEMÓRIA, ORALIDADE ...
85-7429-453-5 ESTUDO DA VARIAÇÃO DA MICROBIOTA DE FRANGO...
85-7429-428-4 ENSINO DE HISTÓRIA E EDUCAÇÃO
85-7429-425-X DIREITO INTERNACIONAL & DIREITO BRASILEIRO ...
85-7429-445-4 EDUCAÇÃO NAS CIÊNCIAS : PESQUISAS DISCENTES 2003
85-7429-443-8 INICIAÇÃO Á AUDITORIA
85-7429-438-1 POESIA VII : ALUNOS MOSTRAM O QUE FAZER
85-7429-456-X MÁRIO VÁRIO : UMA INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO ...
85-7429-436-5 A REINVENÇÃO DA PÁTRIA : A IDENTIDADE NACIONAL
85-7429-439-X JORNADA DE EXTENSÃO DA UNIJUÍ (5 : 2004 : IJUÍ)
85-7429-440-3 XII SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA


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GALENO AMORIM, SOCORRO!!!

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Published on August 02, 2011 13:42

poe XLIII, planilhas no google docs

quem quiser acompanhar essa fase inicial de levantamento de dados sobre as traduções da ficção de edgar allan poe no brasil, as planilhas estão aqui no google docs . os dados podem ser livremente usados, mas solicito a gentileza de que seja dada a fonte do levantamento.





agradeço a sugestão de ricardo nassif.



imagem: brint montgomery

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Published on August 02, 2011 13:11

alices

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Meu amiguinho Higor, do  The Bloggerwocky , supertrabalha com as Alices e suas traduções, e conversando no twitter lembrei esse artigo muito legal do Jorge Furtado, que saiu no ano passado aqui . Transcrevo com as devidas vênias, porque é muito bom e informativo.



Jorge Furtado compara traduções brasileiras de Alice no País das Maravilhas



Tradutor aponta soluções diferentes para enfrentar as muitas dificuldades do texto



JORGE FURTADO*



Em 2008, ao terminar a tradução de As Aventuras de Alice no País das Maravilhas, com a curiosidade acumulada durante os três anos que durou o trabalho, passei a ler com atenção todas as traduções brasileiras que consegui encontrar. Cada uma delas tem soluções originais, criativas, mais ou menos felizes, para enfrentar as muitas dificuldades do texto. Aqui, um quadro comparativo de algumas delas:



I. Poema de abertura, três primeiros versos

Lewis Carroll

Alice's Adventures in Wonderland



"All in the golden afternoon full leisurely we glide;

For both our oars, with little skill,

By little arms are plied, while little hands make vain pretence our wanderings to guide."



Monteiro Lobato (tradução e adaptação, Companhia Editora Nacional, primeira edição de 1931)

Alice no País das Maravilhas: não consta



Primavera das Neves (tradução, Editorial Bruguera, sem data)

Alice no País das Maravilhas: "Na cálida tarde deste dia, o barco desliza lentamente, e é agradável deixar vaguear a mente pelo reino da fantasia"



Oliveira Ribeiro Netto (tradução, Editora do Brasil, sem data)

Alice no País das Maravilhas: não consta



Maria Thereza Cunha de Giacomo (adaptação, Melhoramentos, 1966)

Alice no País das Maravilhas: não consta



Sebastião Uchôa Leite (tradução e organização, Summus, 1980)

Aventuras de Alice no País das Maravilhas: "No verão, na tarde de ouro, deslizamos vagarosamente. Nossos remos são manejados sem perícia, no sol ardente: mãos gentis, que fingindo vão guiar nosso passeio errante."



Regina Stella Moreira Gomes (Companhia Editora Nacional, 1984)

Alice no País das Maravilhas: não consta



Ana Maria Machado (Ática, 1997)

Alice no País das Maravilhas: "Num dourado entardecer rio abaixo a deslizar, os dois remos nem pediam nossos braços a remar. Mas pequeninas fingiam nosso passeio guiar."



Isabel de Lorenzo e Nelson Ascher (poemas) Editora Objetiva, São Paulo, 1999

Alice no País das Maravilhas: "Nós deslizamos à vontade na tarde que é dourada, Bracinhos remam de maneira mais que desajeitada Enquanto em vão mãozinhas fingem guiar nossa jornada."



Rosaura Eichenberg (L&PM, 1998)

Alice no País das Maravilhas: "Juntos na tarde dourada suavemente a deslizar, nossos remos, sem destreza, dois bracinhos a manejar, pequeninas mãos que fingem nossa direção guiar."



Maria Luiz de X. Borges (Jorge Zahar, 2002)

Aventuras de Alice no país das maravilhas: "Juntos naquela tarde dourada deslizávamos em doce vagar, pois eram braços pequenos, ineptos, que iam os remos a manobrar, enquanto mãozinhas fingiam apenas o percurso do barco determinar."



Jorge Furtado e Liziane Kugland (Objetiva, 2008)

Aventuras de Alice no País das Maravilhas: "Num verão, com sol perfeito, devagar flutua um bote. A remadora sem jeito, espera que ninguém note que não navega direito, mal sabe o que é sul ou norte."



Nicolau Sevcenko (Cosac Naify, 2009)

Alice no País das Maravilhas: "Todos no bote ao sol da tarde, cheios de alegria flutuando, mãozinhas desajeitadas os remos e os lemes comandando, a tatear nas águas ondeadas, desliza o divertido bando."



Clélia Regina Ramos (Universo dos Livros, 2009)

Alice no País das Maravilhas: não consta



II. Capítulo 1

Lewis Carroll

Down the Rabbit's Hole

"There are no mice in the air, I'm afraid, but you might catch a bat, and that's very like a mouse, you know. But do cats eat bats, I wonder?' And here Alice began to get rather sleepy, and went on saying to herself, in a dreamy sort of way, 'Do cats eat bats? Do cats eat bats?' and sometimes, 'Do bats eat cats?' for, you see, as she couldn't answer either question, it didn't much matter which way she put it."



Monteiro Lobato

Viagem à toca dos coelhos

"Sim, porque estou caindo na ar e no ar não há ratos, há morcegos, que é rato de asa. Mas será que gato come morcego?" Alice começou a sentir uma certa sonolência e neste estado o pensamento fica preguiçoso. Começou a repetir muitas vezes a mesma frase: — Gato come morcego? Às vezes repetia errado: — Morcego come gato? E como não obtivesse resposta continuava a repetir sempre a mesma pergunta."



Primavera das Neves

Capítulo Primeiro

"— No ar não há ratos, mas talvez haja morcegos. E os ratos e os morcegos são muito parecidos, só que os morcegos tem uma espécie de asas. Mas os gatos comerão morcegos? Às vezes enganava-se e dizia: — Os morcegos comerão gatos? Mas, de uma forma ou de outra, ninguém lhe podia responder, e ela tampouco, porque não sabia."



Oliveira Ribeiro Netto

Na toca do coelho

"Não há ratos no ar, infelizmente, mas você poderia caçar um morcego, que é muito parecido com rato, sabe? Mas será que gato come morcego? Aí Alice começou a sentir muito sono, e continuou a falar consigo mesma, numa espécie de sonho: Gato come morcego? Gato come morcego? E às vezes Morcego come gato?, porque, como vocês sabem, ela não podia responder a questão e de nada adiantava a maneira como perguntava."



Maria Thereza Cunha de Giacomo

Na toca do Coelho

"— Não há camundongo no ar, com certeza, mas você poderia caçar um morcego, que é tão parecido com rato. Só que tem asas. Gostaria de saber se gato come morcego... E, Alice, que já estava sonolenta, começou a repetir baixinho, como em um sonho: — Gato come morcego? Gato come morcego? Gato come morcego? E às vezes se enganava: morcego come gato? Como ninguém ia responder às suas perguntas, nem valia a pena falar certo."



Sebastião Uchôa Leite

Entrando na toca do coelho

"Não tem nenhum rato no ar, infelizmente, mas bem que você podia pegar um morcego, é igualzinho a um rato, sabe? Mas, gatos comem morcegos?" E aqui Alice começou a ficar meio sonolenta, continuando a dizer para si mesma, numa espécie de devaneio: 'Gatos comem morcegos? Gatos comem morcegos?' E, às vezes, 'Morcegos comem gatos?', pois, como não sabia responder à pergunta, pouco importava a maneira como fosse colocada."



Regina Stella Moreira Gomes

Capítulo 1º

"— Penso que não existem camundongos no ar, mas você poderia caçar um morcego! Afinal, eles são bem parecidos com camundongos. Mas, será que gatos comem morcegos?

Alice já estava ficando com sono, e começou a repetir:

— Gatos comem morcegos? Gatos comem morcegos?

Às vezes também falava:

— Morcegos comem gatos?

Mas, como não havia ninguém para responder, não tinha muita importância o modo como fazia as perguntas."



Ana Maria Machado

Na toca do Coelho

"— Quer dizer, eu sei que no ar não tem nenhum ratinho nem camundongo, e que você adora esses bichos, tem um amor cego por eles. Mas talvez você conseguisse pegar um morcego, quem sabe? Mas será que ia gostar? Também ia sentir um amor cego pelo morcego?

E como a essa altura Alice já estava ficando com muito sono, começou a dizer para si mesma, como se estivesse sonhando:

— Ia sentir um amor cego por morcego... E será que o morcego também sente amor cego?

É que, como ela não conseguia mesmo responder a nenhuma dessas perguntas, tanto fazia de um jeito como de outro."



Isabel de Lorenzo e Nelson Ascher

Na toca do Coelho

"Não tem nenhum rato no ar, infelizmente, mas você bem que poderia pegar um morcego... é quase igual a um rato, você sabe. Será que gatos comem morcegos?" E aqui Alice começou a ficar com sono, e continuou dizendo consigo mesma, numa espécie de devaneio: 'Gatos comem morcegos? Gatos comem morcegos?' E, às vezes, 'Morcegos comem gatos?', pois, como ela não conseguia responder à pergunta, não importava muito a ordem em que era colocada."



Rosaura Eichenberg

Descendo pela toca do Coelho

"Não há camundongos no ar, infelizmente, mas você poderia pegar um morcego, e morcegos são parecidos com camundongos, sabe. Mas será que gatos comem morcegos? E nesse momento Alice começou a ficar com sono, e continuou a falar consigo mesma, meio que sonhando: 'Gatos comem morcegos? Gatos comem morcegos?', e às vezes 'Morcegos comem gatos?', pois, sabem, como ela não sabia a resposta para nenhuma das perguntas, tanto fazia a ordem que lhes dava."



Maria Luiza de X. Borges

Pela toca do Coelho

"Pena que mão haja nenhum camundongo no ar, mas você poderia apanhar um morcego, é muito parecido com camundongo. 'Mas será que gatos comem morcegos?' e às vezes 'Morcegos comem gatos?' pois, como não sabia responder à nenhuma das perguntas, o jeito como as fazia não tinha muita importância."



Jorge Furtado e Liziane Kugland

Na toca do Coelho

"— Não tem nenhum rato no ar, que pena, mas você poderia pegar um morcego, que é como um rato, você sabe. Mas será que gato come morcego? E então Alice começou a ficar com bastante sono e continuou falando sozinha, como num sonho: 'Morcego é como rato e gato come rato… Ga-to-co-me-ra-to… Gato come rato?', e às vezes, 'Ra-to-co-me-ga-to?'. Sabe como é, já que ela não conseguia responder nenhuma das perguntas, não importava muito a ordem das palavras."



Nicolau Sevcenko

Descendo à toca do Coelho

"— É pena que não haja ratos no ar, mas você poderia pegar um morcego, que é bem parecido com rato, sabe? Mas será que Diná, minha gata angorá, come morcego andirá?

Adormecendo aos poucos, ela continuou repetindo, como se a sonhar: 'Angorás comem andirás? Angorás comem andirás?' E, às vezes, 'Andirás comem angorás?', pois, já que ela não sabia responder a nenhuma dessas questões, tanto fazia a ordem."



Clélia Regina Ramos

Para baixo na toca do coelho

"'Não há ratos no ar, eu temo, mas você poderia pegar um morcego, eles são tão parecidos com os ratos, você sabe. Mas será que os gatos comem morcegos?' E aqui Alice começou a ficar sonolenta e continuou falando para si mesma, de uma maneira sonhadora. 'Gatos comem morcegos?', e às vezes 'Morcegos comem gatos?'. Como vocês podem ver, ela não conseguia responder a nenhuma das duas questões, portanto não importava muito de que maneira ela as colocava."



Traduções:

Alice no País das Maravilhas - Tradução de Nicolau Sevcenko (Cosac Naify, 2009)
Alice no País das Maravilhas - Tradução de Clélia Regina Ramos (Universo dos Livros, 2009)
Aventuras de Alice no País das Maravilhas - Tradução de Liziane Kugland e Jorge Furtado (Objetiva, 2008)
Alice: Edição Comentada - Tradução de Maria Luiza de X. Borges (Jorge Zahar, 2002)
Alice no País das Maravilhas - Tradução de Isabel de Lorenzo. Tradução dos poemas: Nelson Ascher (Sol, 2000)
Alice no País das Maravilhas - Tradução de Rosaura Eichenberg (L&PM, 1998)
Alice no País das Maravilhas - Tradução de Ana Maria Machado (Ática, 1997)
Alice no País das Maravilhas - Tradução de Barbara Theoto Lambert (Edições Loyola, 1995)
Alice no País das Maravilhas - Tradução de Regina Stella Moreira Gomes (Companhia Editora Nacional, 1984)
Aventuras de Alice no País das Maravilhas - Tradução de Sebastião Uchoa Leite. Tradução dos poemas: Augusto de Campos (Summus, 1977)
Aventuras de Alice no País das Maravilhas - Tradução de José Vaz Pereira e Manuel João Gomes (Editora Brasília, 1976)
Alice no País das Maravilhas - Adaptação de Maria Thereza Cunha de Giacomo (Melhoramentos, 1966)
Alice no País das Maravilhas - Tradução de Paulo Nasser (Vecchi, 1964)
Alice na Terra das Maravilhas - Tradução de Pepita de Leão (Livraria do Globo, 1947) [1a. ed.: 1934]
Aventuras de Alice no País das Maravilhas - Tradução e adaptação de Monteiro Lobato (Companhia Editora Nacional, 1944) [1a. ed.: 1931]
Alice no País das Maravilhas - Tradução e adaptação de Oliveira Ribeiro Netto (Editora do Brasil, s/d)
Alice no País das Maravilhas - Tradução de Lúcia Benedetti (Editora Tecnoprint Ediouro)
Alice no País das Maravilhas (e Alice no País do Espelho) - Tradução de Primavera das Neves (Bruguera, sem data)
* Diretor de cinema, escritor e tradutor. Traduziu, com Liziane Koglund, As Aventuras de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll (Objetiva, 2008)



imagem: aqui

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Published on August 02, 2011 05:05

August 1, 2011

poe XLII, primeira parcial

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nessa pesquisa sobre a bibliografia da ficção de edgar allan poe no brasil, estou chegando a uns resultados interessantes. numa parcial inicial, temos que, do total de 69 contos de poe, 66 estão traduzidos. faltam apenas coisas muito pouco conhecidas, a saber: um fragmento manuscrito descoberto apenas em 1924, chamado The Light-House, o conto Von Kempelen and his Discovery (também tratado no ensaio "O jogador de xadrez de Maelzel") e uma novela inacabada, The Journal of Julius Rodman. Uma hora, estou boa de traduzi-los e disponibilizá-los na rede, para termos a totalidade da ficção de Poe em português.



até o momento, levantei 401 traduções diferentes desses 66 contos. não estou levando em conta as edições, reedições e licenciamentos de cada tradução, mas apenas a primeira edição de cada uma delas. falta ainda localizar umas boas dezenas, principalmente em antologias com vários autores do tipo "obras-primas do conto tal e tal", "maravilhas do conto tal", muitas vezes utilizando traduções existentes. mas a distribuição até agora é bastante interessante. por exemplo, quatro contos tiveram mais de vinte traduções nesse período. são eles:



the black cat, com 27 traduções (21 legítimas e 6 espúrias)
the purloined letter, com 23 traduções (20 legítimas e três espúrias)
the gold-bug, com 23 traduções (19 legítimas e 4 espúrias)
the murders in the rue morgue, com 21 traduções (19 legítimas e 2 espúrias)




outro dado que achei interessante foi a distribuição temporal dessas traduções. a vantagem é que chegamos a 1944 com todos os 66 contos traduzidos por milton amado e oscar mendes, na edição que saiu pela globo. dividi o período em três blocos e os resultados até agora são seguintes:



1900-1949: 106 traduções
1950-1999: 202 traduções
2000 -->   : 93 traduções


outra coisa interessante é o perfil das edições. sobretudo a partir dos anos 80, a quantidade de edições didáticas aumenta muito, e também a quantidade de adaptações para o público infanto-juvenil, afora gibis e quadrinhos.



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Published on August 01, 2011 18:41

poe XLI, dificuldades

estou tentando rastrear os contos de poe em tradução brasileira publicados desde o começo do século XX até agora. já encontrei umas quatrocentas traduções de 66 contos, e falta ainda identificar algumas dezenas de outras.





mas tem um volume que está me dando uma canseira danada: contos de horror, em tradução de luiza lobo, que saiu pela bruguera em 1970, naquela coleção "trevo negro", vol. 11. as pouquíssimas referências estão no currículo da própria tradutora, aqui na pesquisa "poe no brasil" e no catálogo do acervo da fundação biblioteca nacional:





Autor: Poe, Edgar Allan, 1809-1849.

Título original: [Contos. Portugues. Selecoes]

Título / Barra de autoria: Contos de horror / Edgar Allan Poe ; traducao de Luiza Lobo. -

Imprenta: Rio [de Janeiro] : Bruguera, c1970.

Descrição física: 160p. ; 18cm. -

Série: (Colecao Trevo negro ; 11)

Notas: Faltam as p. de 1-58.

Classificação Dewey:

Edição: 813

Indicação do Catálogo: II-6,5,30 
e parece brincadeira: no volume da fbn faltam quase 60 páginas! já havia aquela confusão no volume da edibolso/cedibra, com contos traduzidos por brenno silveira e atribuídos a luiza lobo, que mostrei nos últimos posts. já numa  tese  que faz uma análise comparativa das traduções de the tell-heart, o autor menciona a tradução de luiza lobo numa antologia da bruguera com o título Horror - Antologia, com textos de poe, defoe e bierce, de 1971.



depois que a bruguera fechou e se transformou na cedibra, a trevo negro foi republicada, mas com outra numeração. descobri que o volume 16 da trevo negro da cedibra se chama horror, e é uma antologia - então talvez tenha essas misteriosas traduções, mas não consegui localizar um único exemplar!



tentei contato com a tradutora, liguei para a universidade onde ela dá aula, nada... então tenho que juntar as pequenas pistas: restam os contos da edibolso/cedibra de 1975. tirando os de brenno que estão em seu nome ("o gato preto" e "a queda da casa de usher"), ficariam "o enterro prematuro", "o barril de amontillado", "o coração revelador", "a máscara da peste vermelha" e "o homem na multidão".



atribuição é uma coisa complicada em pesquisa documental. pois esse "coração revelador" que tenho em mãos, de 1975, apresenta algumas diferenças significativas em relação às passagens de 1971 citadas na tese acima.



dou um exemplo: o autor da tese está comentando as várias soluções de sete tradutores diferentes para a passagem do deathwatch, que aliás já foi motivo de vários posts aqui. diz ele: "eis o maior desafio da obra imposto aos tradutores" - trata-se da frase hearkening to the death watchs in the wall. oscar mendes (com milton amado, porém não citado na tese) traduz bastante singularmente como "ouvindo a ronda da morte próxima". as outras soluções variam muito; por fim o autor chega à de lobo: "ouvindo a ronda da morte próxima", e comenta o fato de ser idêntica à de milton amado/ oscar mendes.



ora, acontece que, no bendito exemplarzinho da edibolso que tenho em mãos, essa mesma passagem do conto na tradução de luiza lobo aparece como "espreitando o relógio na parede", que vem a ser a solução de josé paulo paes! mesmo sem levar em conta essas duas coincidências, como posso considerar que se trata da mesma tradução na edição da bruguera de 71 e na edição da edibolso de 75?



este é apenas um pequeno exemplo das dificuldades em reconstituir a trajetória de um autor traduzido no brasil: exemplar mutilado em nosso acervo nacional, editoras extintas, livros que não se encontram nos sebos, cotejos que não batem, tentativas de contato improfícuas, escassez de referências na internet...



imagem: histoires extraordinaires, ed. 1856

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Published on August 01, 2011 17:14

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Denise Bottmann
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